Dr. Carlos Arruda – Ginecologia, Endometriose e Cirurgia Ginecológica em São Paulo – SP

Meu nome é Carlos Augusto Pintor de Arruda (CRM-SP 199.991), sou Ginecologista e Obstetra (RQE 101.557) especializado em Endoscopia ginecológica. Dedico minha carreira ao cuidado integral da saúde da mulher, com foco em condições como endometriose e cirurgia ginecológica minimamente invasiva. Mas minha prática vai muito além disso: acredito que cada paciente deva ser ouvida em suas queixas, inseguranças e desejos, para que o cuidado seja o mais acolhedor e individualizado possível.

Se você chegou até aqui, provavelmente está buscando informações sobre sangramento uterino aumentado, miomas (também conhecido por leiomiomas) e pólipos endometriais. Estes são temas extremamente comuns no consultório ginecológico e podem afetar a qualidade de vida de muitas mulheres. Neste artigo, vou abordar de forma completa as principais causas de sangramento uterino anormal, as diferenças entre miomas e pólipos, opções de tratamento clínico e cirúrgico e, sobretudo, como a histeroscopia pode ser aliada no diagnóstico e tratamento.

O que é o Sangramento Uterino Aumentado?

Chamamos de sangramento uterino aumentado (também conhecido como sangramento uterino anormal ou “SUA”) todo sangramento que foge do padrão menstrual considerado normal em volume, duração ou intervalo. Muitas vezes, pode se manifestar como ciclos muito intensos ou prolongados, obrigando a trocar o absorvente em intervalos curtos ou até mesmo levando à anemia.

O tratamento de miomas, pólipos e do sangramento uterino anormal pode ser conservador (clínico) com uso de medicamentos hormonais ou cirúrgico.

O que é considerado normal?

Para isso, devemos entender que o ciclo menstrual deva ser dividido em 3 aspectos diferentes:

  • Duração do ciclo: é o número de dias entre o primeiro dia de uma menstruação e o primeiro dia da menstruação seguinte.
  • Duração do fluxo: é o número de dias de sangramento, ou seja, o tempo de dura a sua menstruação.
  • Volume do fluxo: é a quantidade de sangue que você elimina durante a menstruação.

Segundo as diretrizes mais recentes da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), considera-se que um ciclo menstrual normal ocorre em intervalos de aproximadamente 24 a 38 dias, podendo haver variações aceitáveis de até 7 dias de um ciclo para o outro. Lembre-se, você não é uma máquina, logo variações no dia que seu fluxo vem, são absolutamente normais. Pela definição acima, veja que você pode sangrar duas vezes no mês e isso ser normal, como também pode sangrar no final de um mês, pular um mês e sangrar no começo do mês seguinte e isso ser normal. Em geral, a pergunta mais importante é se o fluxo está vindo todo mês, independente do dia, se estiver assim, muito provavelmente seu fluxo está normal.

Já a duração do fluxo em si costuma variar de 4 a 8 dias, dependendo das características individuais de cada mulher. O fluxo mais intenso dura em geral uns 2 a 3 dias e os demais dias com fluxo menos intenso.

Em termos de volume, uma perda sanguínea entre 5 e 80 mL por ciclo é considerada fisiológica, embora a maior parte das mulheres relate algo em torno de 30 mL. Contudo é muito difícil mensurar esses valores. Pontos de atenção devem ser:

  • Sujar a roupa por causa do sangramento.
  • Precisar usar somente absorventes noturnos durante o dia.
  • Ter fraqueza ou quadros de anemia associados ao sangramento intenso.

Carlos Arruda – Doctoralia.com.br

O sangramento uterino aumentado ou anormal pode comprometer sua qualidade de vida e causar outras comorbidades como anemia.

Esses parâmetros servem como referência para identificar eventuais anormalidades, pois quando o sangramento foge significativamente desses valores — seja em intervalo, duração ou volume — deve ser avaliado pelo ginecologista. É importante ressaltar, contudo, que cada organismo é único, e não há uma “régua” que meça todas as mulheres da mesma forma. Ainda assim, ao notar irregularidades importantes em relação a essas definições, a avaliação especializada é fundamental para esclarecer a causa e direcionar o tratamento, quando necessário.

Possíveis causas

Existem diversas causas possíveis, que vão desde distúrbios hormonais e alterações estruturais no útero até infecções e doenças sistêmicas. Por isso, antes de qualquer conduta, é fundamental que a paciente seja avaliada de forma completa por um ginecologista, pois cada quadro requer uma investigação minuciosa.

  1. Alterações hormonais: Irregularidades na produção de estrogênio e progesterona podem desencadear ciclos anovulatórios e sangramentos irregulares.
  2. Miomas (Leiomiomas): Tumores benignos que crescem no útero, podendo aumentar o fluxo menstrual e provocar sangramento fora do período esperado.
  3. Pólipos endometriais: Pequenas projeções de tecido no interior do útero, frequentemente associadas a sangramentos irregulares.
  4. Adenomiose: Espessamento das camadas internas do útero, levando a cólicas intensas e sangramentos mais volumosos.
  5. Distúrbios de coagulação: Algumas condições que afetam o sangue podem aumentar o sangramento menstrual.
  6. Infecções: Algumas infecções ginecológicas podem cursar com sangramento, especialmente quando associadas a irritação do colo uterino.
  7. Câncer: o maior medo que qualquer mulher quando percebe que algo está errado com seu fluxo menstrual pode ser sim uma causa de sangramento fora do padrão, principalmente o câncer de endométrio, mas antes de sair desesperada achando que você está com seus dias contados, lembre-se que quadros de sangramento uterino anormal são muito comuns e o câncer é muito raro.
Miomas podem acontecer em diversos lugares do útero. Em geral dividimos eles em miomas submucosos (dentro da cavidade uterina), miomas intramurais (acometem a parede do útero) e miomas subserosos (crescem pra fora do útero).

Miomas: Sintomas e Tratamentos

Os miomas (cujo nome técnico é leiomiomas) são tumores benignos que se formam no músculo uterino. Eles são extremamente comuns e podem variar muito em tamanho e localização, influenciando os sintomas apresentados.

Estima-se que mais da metade da população feminina terá miomas em algum momento da vida, principalmente em mulheres após os 40 anos.

Contudo, a grande maioria dos miomas não dão sintomas! E como miomas são tumores benignos somente devemos nos preocupar com eles se tiverem sintomas. Miomas pequenos e assintomáticos devemos apenas acompanhar.

Quando o mioma tem algum sintoma, o sintoma mais comum é o sangramento aumentado. Outros possíveis sintomas são mais raros e precisamos investigar se não há uma outra causa para esse sintoma.

Outros sintomas para os miomas:

  • Dor pélvica ou cólicas intensas: Dependendo da localização, os miomas podem causar dor constante ou pontadas. Isso é mais comum quando eles crescem muito rápido e passam por um processo chamado de degeneração.
  • Pressão na bexiga: Miomas grandes podem pressionar a bexiga e causar vontade frequente de urinar ou sintomas parecidos com Infecção Urinária.
  • Aumento do volume abdominal: Em casos de miomas muitovolumosos, a paciente pode perceber o abdômen mais “estufado”, mas esses casos são bem raros.

Mais uma vez: nem todos os miomas geram sintomas. Alguns podem permanecer silenciosos, sendo descobertos apenas em um exame de rotina, como o ultrassom transvaginal.

Manejo e tratamento dos Miomas:

Tratamento Clínico

O tratamento clínico deve ser considerado antes de qualquer procedimento cirúrgico, principalmente para mulheres que ainda desejam engravidar ou que apresentam sintomas leves. Entre as opções clínicas, destacam-se:

  1. Anti-inflamatórios e Ácido tranexâmico: Não tratam os miomas, mas ajudam a diminuir a dor e a intensidade do sangramento quando ocorrem. Se o uso desses medicamentos está sendo muito comum, deve-se pensar em partir para tratamentos hormonais.
  2. Terapia hormonal: Pode ser utilizada para reduzir o sangramento e estabilizar o crescimento do mioma. Anticoncepcionais (pílula) ou dispositivos intrauterinos hormonais (DIU) são alternativas frequentes e muito eficientes! O objetivo aqui é controlar o crescimento e diminuir os sintomas.
  3. Análogos de GnRH: É uma classe de medicamentos que atuam diretamente no sistema nervoso central impedindo a liberação dos hormônios que muitas vezes alimentam esses miomas. O medicamento mais comum dessa classe é o Acetato de Gosserelina, cujo nome comercial é Zoladex. Essas medicações que reduzem temporariamente os níveis de estrogênio, levando a uma diminuição no tamanho do mioma. Porém, costumam ter efeitos colaterais semelhantes aos da menopausa. Devem ser usadas com cautela e muitas vezes indico nas seguintes situações:
    1. Diminuir o tamanho do mioma antes de uma cirurgia.
    2. Em mulheres próximas a menopausa, na tentativa de evitar uma cirurgia.
O Zoladex, nome comercial do Acetado de Gosserelina, é um medicamento que inibe a produção hormonal no sistema nervoso central, levando a diminuição dos miomas.
Tratamento Cirúrgico

Quando o tratamento clínico falha ou quando o mioma está grande demais, causando sintomas significativos, partimos para os procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, que podem incluir:

  1. Miomectomia histeroscópica ou laparoscópica: Retirada dos miomas preservando o útero, fundamental para quem deseja manter a fertilidade ou em caso de miomas submucosos.
  2. Embolização das artérias uterinas: Procedimento realizado por radiologia intervencionista, bloqueando o fluxo sanguíneo que nutre o mioma, fazendo-o regredir. Esse procedimento não é indicado pra quem tem desejo de engravidar, mas pode evitar uma cirurgia maior em casos que a cirurgia tem risco elevado.
  3. Histerectomia: Remoção do útero em casos de miomas muito grandes, múltiplos ou associados a outras patologias que afetam gravemente a qualidade de vida da paciente. Geralmente, é uma opção final, quando a mulher não deseja mais engravidar.

Pólipos Endometriais: Sintomas e Tratamentos

Os pólipos endometriais, também chamados apenas de pólipos, são projeções de tecido que crescem na camada interna do útero (endométrio). Pra ficar mais fácil de entender, costumo dizer que os pólipos são como verrugas que nascem no endométrio.

Eles podem variar em tamanho – de milímetros a alguns centímetros – e, na maioria das vezes, são benignos. Contudo, em raras ocasiões, podem apresentar alterações pré-malignas ou malignas, principalmente em mulheres na menopausa ou pós-menopausa.

Sintomas de Pólipos Endometriais

  1. Sangramento uterino anormal: Geralmente, os pólipos causam sangramentos fora do período menstrual ou sangramento após a menopausa;
  2. Escapes ou Spotting (pequenos sangramentos) entre os ciclos: Aquela “borra” persistente, que não é parte do fluxo menstrual;
  3. Infertilidade ou dificuldade para engravidar: Em alguns casos, um pólipo maior pode atrapalhar a implantação do embrião.

Em grande parte dos casos, o diagnóstico ocorre por meio de ultrassom transvaginal ou histeroscopia diagnóstica. (Para saber por que a histeroscopia é importante, continue a leitura.)

Pólipos uterinos são uma causa comum de sangramento após os 40 anos, mas podem surgir mesmo em mulheres mais novas. Eles podem ser pediculados ou sésseis. Podem surgir na cavidade uterina ou no colo (canal endocervical).

Tratamentos para Pólipos Endometriais

  1. Conduta expectante: Em pacientes jovens, assintomáticas, com pólipos muito pequenos e que não desejam engravidar no momento, algumas vezes optamos por apenas acompanhar.
  2. Remoção por Histeroscopia: É o método mais preciso para retirada dos pólipos, permitindo uma avaliação direta do interior do útero.
  3. Conduta após 45 anos e em mulheres que desejam engravidar: Pelas recomendações atuais, todo pólipo deve ser removido quando a paciente tem mais de 45 anos, devido ao risco (ainda que baixo) de malignidade. Da mesma forma, quem quer engravidar deve retirar o pólipo para melhorar as chances de sucesso gestacional.

Histeroscopia: pra quê e por quê?

A histeroscopia é um procedimento que permite a visualização direta do interior do útero por meio de uma câmera introduzida pelo colo uterino. Com isso, podemos identificar lesões como miomas submucosos, pólipos endometriais e até aderências dentro do útero. É uma ferramenta essencial tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento de alterações na cavidade uterina.

A histeroscopia não é capaz de visualizar a parede do útero ou a parte externa desse, para isso o ultrassom ou a ressonância são melhores opções. Contudo, a histeroscopia consegue ver diretamente através de uma câmera de vídeo a cavidade interna do útero, tal qual uma endoscopia é capaz de visualizar o interior do estômago. E nesse caso, a precisão diagnóstica é muito maior do que o ultrassom. Através da histeroscopia também é possível fazer biópsias.

Existem duas formas de realizar esse procedimento, a histeroscopia diagnóstica ou a histeroscopia cirúrgica.

A histeroscopia cirurgica pode tratar diversas doenças que acometem o interior do útero, como aderências (Síndrome de Asherman), miomas submucosos, pólipos endometriais e cervicais.

Histeroscopia Diagnóstica

  • Objetivo:
    • Investigar a cavidade uterina para confirmar a presença de miomas, pólipos ou outras anormalidades.
    • Não é capaz de retirar as lesões, mas pode realizar biópsias.
  • Realização: Pode ser feita em consultório ou ambiente ambulatorial, com ou sem sedação, dependendo da tolerância da paciente;
  • Vantagens: Procedimento rápido, minimamente invasivo, baixo custo e de alta precisão diagnóstica;
  • Indicações:
    • Sangramento uterino anormal, avaliação de infertilidade, suspeita de pólipos ou miomas submucosos.

Sempre indico realizar a histeroscopia diagnóstica antes do procedimento cirúrgico, pois muitas vezes o ultrassom pode confundir coleções de sangue, muco ou outras alterações uterinas com pólipos ou miomas. Por isso, fazer o procedimento diagnóstico pode evitar que procedimentos cirúrgicos sejam feitos de forma desnecessária.

Histeroscopia Cirúrgica

  • Objetivo: Além de diagnosticar, possibilita o tratamento imediato de algumas lesões, como retirada de pólipos e miomas submucosos;
  • Realização: Normalmente em centro cirúrgico, com sedação ou raquianestesia;
  • Vantagens: Permite tratar a causa do sangramento no mesmo procedimento, reduzindo a necessidade de cirurgias maiores;
  • Recuperação: Geralmente rápida, com alta no mesmo dia.

Por que isso faz diferença?

A histeroscopia é um procedimento minimamente invasivo e com risco muito baixo, logo é a primeira opção quando falamos de pólipos ou miomas submucosos. Além disso, outro procedimento que pode ser realizado através de histeroscopia é a inserção de DIU em centro cirúrgico, sob anestesia, onde podemos já no próprio ato verificar se o dispositivo ficou bem posicionado.

Outras causas de Sangramento Uterino Anormal

Embora miomas e pólipos sejam causas frequentes, é importante lembrar que outras condições podem contribuir para o aumento do sangramento e serão temas de artigos futuros.

  • Hiperplasia endometrial: Crescimento excessivo do endométrio, principalmente após a menopausa, geralmente relacionado a estímulo do estrogênio.
  • Distúrbios da tireoide: Tanto o hipotireoidismo como o hipertireoidismo podem alterar o ciclo menstrual;
  • Uso de medicamentos: Alguns remédios, como anticoagulantes, podem intensificar o fluxo;
  • Doenças sistêmicas: Doenças do fígado, dos rins ou outras condições crônicas também podem influenciar o padrão menstrual.
  • Adenomiose: Condição em que a camada interna do útero (o endométrio) invade a camada muscular do útero (o miométrio) podendo levar a sangramento intenso e cólica.

Por isso, um exame clínico minucioso e a avaliação laboratorial são fundamentais para descartar possíveis doenças. Nunca deixe de procurar um ginecologista especializado se você tiver um quadro de sangramento aumentado.

Sua saúde importa. Sua qualidade de vida importa. Sua felicidade importa.

Sangramento uterino aumentado pode gerar desconforto, anemia, cansaço e até mesmo problemas emocionais, afetando a autoestima e a rotina diária. Se você sofre com esses sintomas, entenda que não precisa aceitar isso como “normal”. Hoje contamos com diversas opções de diagnóstico, tratamento clínico e cirúrgico, permitindo uma abordagem personalizada para cada paciente.

  • Sente-se cansada e indisposta com frequência?
  • Percebe um fluxo menstrual intensamente aumentado?
  • Está frustrada com a dificuldade de engravidar?

Você não está sozinha. Procure ajuda médica especializada para investigar a origem do problema e descobrir o tratamento ideal para o seu caso.

Nunca é bom deixar pra depois!

Cuidar de sangramentos uterinos anormais é essencial para garantir bem-estar, preservar a fertilidade (quando desejada) e manter o equilíbrio hormonal. Seja no tratamento de miomas, pólipos ou outras causas de sangramento, o cuidado clínico individualizado é sempre a primeira linha de abordagem. E, quando necessário, procedimentos minimamente invasivos, como a histeroscopia cirúrgica, são grandes aliados na solução definitiva do problema.

Se você se identificou com os sintomas que descrevi ou busca mais informações sobre sangramento uterino aumentado, miomas (leiomiomas) ou pólipos endometriais, não hesite em agendar uma consulta. Estarei ao seu lado para ouvir suas queixas, esclarecer dúvidas e, principalmente, encontrar o melhor caminho para restaurar sua saúde e qualidade de vida.

Espero que este artigo tenha ajudado você a entender melhor o que é o sangramento uterino anormal e as formas de tratamento para miomas e pólipos. Lembre-se: procurar ajuda não é exagero, é cuidado com o que temos de mais valioso – a nossa saúde.

Tudo isso faz sentido para você? Então não deixe a saúde para depois!

Agende uma consulta e vamos, juntos, encontrar a melhor forma de cuidar do seu bem-estar!

Carlos Arruda – Doctoralia.com.br

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